segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

~ 8ito Deitad8 ~

















Agora as páginas são tão macias porque o vazio escondido por todo este mosaico de brancos na folha de papel é preenchido por meus olhos que enfim me fazem sincero. Seguindo a alegria das minhas mais íntimas intuições encontrei no caderno a renovAção necessária para aliviar o mistério inevitável de minha existência. As frases não me salvam de vagar diante do fiscalizante risco que paira os impulsos mais arriscados, quero conhecer os medos, mas viver a coragem de querer mais além do óbvio. Respiro minha felicidade na gratidão por toda natureza da existência, constantemente. E reflito sobre a inexistência de uma religião, sobre a necessidade da inexatidão, e sobre o sol que quando bate na pedra do morro Dois Irmãos me faz sorrir instantaneamente.
Com quantos mistérios se faz um ser humano?

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

reencontrando...(me)















A Felicidade do Caminho

Faz dias tenho palavras e mais palavras a sobrevoar minhas possibilidades poéticas e prosaicas... mas me contenho, pra não bagunçar ainda mais a bagunça que eu mesmo estava a fazer. Tenho experimentado o prazer de me conhecer e me reconhecer, apaixonado, vivo na paixão pelo mundo em mim mesmo o arder deste desejo instigante de uma felicidade mais real que meus sonhos mais doces. A saudade parece me fermentar por estes dias, e fervo ao sol, nas horas que se estendem como roupas ao varal, e venta muito e não temo, abro os braços e abraço este mundo que é dentro e fora de mim ao mesmo tempo. Abraço com alegria toda a ventania e parece que sou varrido de mim mesmo e assim me reconheço nos meus eus que se esvoaçam, e me reciclo, como que descascando-me de antigas máscaras, agora inúteis, porque estou amando, amando de verdade, feliz por ser quem sou, me amando e me doando de verdade. Correndo contra o vento, a chuva e os relâmpagos a me fazer lembrar que aquilo é mais que real, aquilo é o que sou, vou deslizando na sopa de infinitos átomos enfrentando a turbulência como quem recebe uma dádiva, um encanto, uma possibilidade real de libertação, e continuo correndo, sentindo minhas pernas se fundirem com a paisagem dinâmica da tempestade que recicla toda porcaria da urbanidade... e todo meu lixo sentimental. Correr me faz voar e me libertar porque quando pulo entre as poças d'água no calçadão da praia em meio à chuva de verão sou todo emoção e sei que sou uma eterna e enérgica criança extremamente corajosa, audaciosa e feliz, apta às mais grandiosas realizações.

Uirá Felipe

domingo, 2 de dezembro de 2007

MutuOVIMENTO









O que será isso que procuro em você que não você mesmo? Tenho pensado em tu até quando não penso em coisa alguma, tem sido algo sintônico estar contigo, como um fazer parte da imprevisibilidade dos dias que incessantemente fluem como cataratas...


E o mundo nos cobra uma série de eventualidades, muitas das quais somos habilmente dispostos a cumprir sem dificuldades. Mas no peito algo inerente à este movimento das massas se faz presente em meu ser, minha interpretação da tua expressão, tua expressão da minha interpretação, tua interpretação da minha expressão, tua expressão da interpretação da minha expressão da minha interpretação da tua expressão assim sucessiva, indeterminada e infinitamente confluindo num mesmo paradoxo de semelhanças opostas....Talvez seja mesmo inútil traduzir ao mundo verbal minha exata condição de ser que te apaixonou e me apaixonou mutamente numa sintonia viva admirável. O sorriso que passei a expressar ao mundo agora é curvo como é curva a nossa imaginação ao se deparar com o horizonte, a mesma essência a curvar os mistérios que pairam nas tempestades do excesso dos pensamentos... Apesar das exatidões, somos inevitavelmente habitados por desafiosos mistérios.


E algumas palavras a mais podem ser que despertem, pode ser que assustem, pode ser que eu nunca saiba exatamente, não sei se quero saber porque o que quero é justamente este não sabendo à que você me conduz, indubitavelmente me encaminhando à uma dinâmica cinestésica com o universo que crio e que recebo.


Vejo você vivendo essa mesma sintonia e sorrio ao sentir que temos um Q de querer pulsando num mesmo compasso, que se mantém firme diante de inúmeros pluralismos existenciais a que estamos opcionalmente dispostos, temos essa pulsão por tudo aquilo que interage, agimos três vezes antes de pensar, falamos três vezes antes de ponderar... Vivemos catarses, vivemos inúmeros auges, infinitos clímaxes... Somos inteiramente jovens, e talvez seja esta a natureza da nossa paixão e compaixão e permissão mútuas...


A paz e a liberdade a ruflarem unidas como são as asas de uma garça a deslizar pela lagoa... O surfista, sua prancha e a onda; o escalador, sua corda e a pedra; o jogador, a bola e seu time:


_ Eu, você e o universo...


O agora é adianto!



segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Sonhando Acordado


















--- Quero escrever tantas coisas. Mas hoje isso é diferente. Quero apenas pôr no papel aquilo que estiver mais claro em minha mente. Não quero nem resumir e nem confundir através de minhas palavras; tenho tido esse imenso desejo de esclarecimento [ou auto-esclarecimento].

--- A vida pode ser tão rica quando olhamos todo o processo que nos levou até o atual momento. Inúmeras perdas mas ganhos irreparáveis, indelével e eternamente configurando aquilo que somos.

--- E me percorre o corpo essa vontade incontrolável de revolucionar(-me). As ações do dia-a-dia podem parecer muitas vezes pequenas no fazer cotidiano, cotidiAndo, continuando andando... mas quando vislumbramos todo o processo podemos compreender como cada instância de vida moldou plenamente aquilo que se está.

--- Diante disso, esse vulcão revolucionário ronca dentro de mim, acordado, vivo e borbulhando incessantemente... E a cada dia que passa mais indeterminado se torna a espessura suportável da minha “crosta terrestre”. Por vezes enfrento conjunturas emocionais desfavoráveis com tremenda coragem, calma e agilidade para mudar meus humores ou amenizar a agressividade de humores alheios. A cada dia que vivo fica mais fácil enfrentar meus próprios demônios, porque cada vez melhor os conheço. Mas ao mesmo tempo que o lacre do vulcão se torna mais denso, mais forte e agitada fica a minha ânsia por uma erupção.

--- Quanto tempo hei de suportar controladamente tamanha agressividade dos humanos contra eles mesmos? Quão mais insuportável pode se tornar a desigualdade social cada vez mais contrastante? Quão pior podem se tornar as novas tecnologias, que nasceram pra nos servir mas funcionam pra nos manipular como rebanhos mercadológicos, verticalizando incessantemente neste movimento de globalização imperialista nas mais diferentes sociedades e culturas do globo, num processo de aculturação, domesticação, sugestão e controle.

--- Porque meus inimigos não possuem rostos mas mesmo assim sei, intuitivamente, que, no fim das contas, possuem somente sete cabeças?

--- Teimoso sempre fui. Meus sonhos valem tanto quanto o primeiro seio de um recém nascido, o primeiro sabor, o primeiro beijo de uma mãe ou de um amor. E mesmo vivendo neste absurdo de labirintos burocráticos eu teimo em sonhar, viver no meu hoje a minha utopia de ser solidário e amigo... companheiro e compreensivo. Vivo a paz sem pressa porque sou consciente da felicidade que me nutre, alimento que me faz sorrir ao céu iluminado numa tarde chuvosa, mesmo preso em um congestionamento lento, espremido num banco de van, misturado com o povo, no meio de uma caótica Copacabana.

--- Às vezes é difícil e fico triste mesmo sentindo em mim a forte sabedoria viva de que este estado emocional faz parte do caminho que me leva à felicidade que tanto almejo e a cada dia crio. Pela janela da van, preso no engarrafamento, observo pessoas fotografando o Drummond eternizado naquele frio bronze de costas pro mar, representação do ser que foi apaixonado mais pela caótica Copacabana que pelos mistérios da soberania do mar na maioria das paisagens. Drummond olhava Copacabana, o povo e sua sabedoria oculta. E ainda olha, ao menos ali, naquela representação, posando com a mesma figura para milhões de fotografias que vão para álbuns, seja de papel, plástico, ou de pixels publicados num site qualquer. E de repente ver todas aquelas pessoas a fotografá-lo, quase fazendo fila pra posar ao lado do poeta, começou a me doer. Doía o fato de eu ver muito mais pessoas fotografando o poeta que lendo sua obra, ou que ao menos pudessem todas aquelas pessoas, se não ler, viver parte daquelas idéias que o poeta expressava. E de repente me contento ao constatar que todas aquelas pessoas, todas as pessoas do mundo, estão fadas à sua condição de Humanas. Todas um dia choram, um dia amam, um dia lutam, um dia choram de alegria, outro aprendem, outro sorriem de glória, outro erram, e aprendem novamente, e amam novamente, todas, inevitavelmente.

---Que será isso de ser um poeta à inventar sentimentos numa investigação místico-científica de todas as pessoas e naturezas e tempos e emoções? Que será isso tudo que sou?

---Repito: estou à procura de esclarecimentos. Pois que vivê-los é o único jeito de me acalmar, e abro bem os meus olhos, disposto a enxergar muito mais que profundidades, planos e movimentos. Vejo idéias em tudo, vivas! E como toda idéia que um dia é criada, eu crio minha própria idéia de realidade, à todo instante. Mas não temo sonhar alto, não tenho medo de altura, e nem de horizontes muito extensos, a felicidade não me espanta, apenas me atrai como a gravidade faz a água pingar no meu rosto numa tarde de sol e chuva no Leblon, e eu abro o sorriso assim como o sol faz com o horizonte. Quero viver minha vida a criar plenitudes e vivê-las, criando-me e recriando-me infinitamente. Porque sou todo o movimento da vontade de conhecer cada vez mais intimamente a minha própria felicidade, pois sei, que só assim hei de espalhar no mundo concretamente isso que sonho nele encontrar... Mas só eu sei como é este sonho... E algumas das almas mais íntimas são capazes de conhecê-lo, comigo, e este sonho me faz viver e quem me conhece sabe disso instantaneamente... E assim vivo... acordado, atenta_mente em sintonia com que há de mais feliz em viver.


Versando... VerSendo: Vendo SOU.


















- - - - - - - - - - - - - VerSendo - - - - - - - - - - - - -

--> O ritmo da minha vida tem pulsado em total sintonia com minhas vivências. Parece que atraio tudo o quanto for possível para me fazer feliz, me manter feliz ou me elevar à alegria fantástica de agradecer por se estar vivo. É tanta coisa extraordinária nessa existência de conhecimentos, ignorâncias, sabedorias, emoções...
--> É tanta beleza nas paisagens que aprendi tão perfeitamente bem a criar com meus próprios olhos. É tanta e tão infinita a satisfação que posso alcançar, que, muitas vezes, soa mesmo injusto não se estar realizado ou em comunhão com a natureza própria de se viver feliz. Mas o contraste existe tão nítido quanto a oposição positiva de um yin-yang, e isso, ao meu sentir, me apresenta somente imensas vantagens.
--> Afinal, quando se vive e se tem desejos e sonhos e vontades de infinitas vivências, parece que tudo, tudo que se experimenta, seja em termos de experiência ou de emoção, ou das duas coisas juntas, é imensamente vantajoso. Você fica a cada dia mais perto de entender exatamente a essência daquilo que te realiza e te faz viver feliz. E entender isso é ter tudo o que se sonha.

O encontro de uma procura
























O universo tem se movido tão muito mais depressa desde que nossos caminhos se cruzaram, mas, sobretudo a partir do momento em que ambos os caminhos resolveram se juntar numa só diretriz, de uma certa lealdade implícitamente clara e vivenciada. Tem sido tudo em dobro, o tempo tem sido duas vezes mais rápido... as coisas duas vezes mais intensas, os batuques no meu coração são duas vezes mais fortes. Como poderia eu antever que era tu aquele mistério que eu tanto procurava? E agora tudo está tão claro, quanto eu jamais imaginaria, mas que, de certo modo, é exatamente como sonhava que fosse. Não percebo a diferença entre viver mais fácil ou mais difícil, apenas percebo que as satisfações me são mais naturais, e as pequenas tristezas agora muito mais chocantes e agressivas. Qualquer notícia ruim é capaz de causar terremotos... Mas toda boa novidade me deixa em estado de perfeita alegria, agora muito mais experimentada que sonhada. E tento reaprender a criar ou recriar todos os meus sonhos. Novos horizontes que preciso abrir. E agora as mudanças não são tão energicamente positivas quanto eram antes, porque agora são sérias, densas, agora tudo pode mudar a qualquer instante. Talvez era exatamente isso o que eu mais desejava, mas cá, à beiradinha deste precipício enorme preciso ser mentalmente forte e manter meu foco no horizonte pra não olhar abaixo por demais, pois embora eu tenha aprendido a confrontar meus medos e vertigens, quero destes somente a vantagem de conhecer melhor aquilo que quero. Já sei voar, e é ao vôo que me atento agora. Cada ruflar, cada passagem do vento, cada nova nuance de cheiro na atmosfera. E estar com você me comprova esse vôo o tempo todo, porque sinto nitidamente o vento passar por toda a minha superfície. Ouvir tua voz me faz flutuar... Ler teus olhos, tuas expressões, me deixa tão à flor da pele com o mundo, tão capaz de conhecer qualquer outro imenso mistério magnífico como ti, que sei ser capaz de voar infinitamente, guiado por esse chamuscar que busca, e busca e cria tudo que encontra e encontra tudo que cria, e sonha, sendo aquilo que lhe é ser mais feliz.

mutação contínua e prolongada





















Porque de repente tem que se tornar tão insuportável não estar junto de você? Tenho mil coisas legais pra fazer, mas, porquê só você parece fazer acelerar ao infinito minha roda do tempo? Estou cansado do tic tac urbano, dessa noite carioca plural e caótica. Quero a sublime dissolvição da minha consciência antropológica... Quero me libertar de tanto conhecimento, quero me esparrAmar por teus desejos e liquifazer-me nas mais transcendentes sensações... Quero você agora, e nada parece ser tão urgente quanto o arder desta saudade mais que bioquímica, existencial, espaço-temporal... Preciso confirmar que é fundamental que se viva a felicidade além da unidade de consciência... quero perder minhas razões, quero te beijar, etecetera e só.

Sintonia
















Fico pensando no quanto as coisas são capazes de mudar tão velozmente quando agimos em sintonia com alguma grande paixão. Fico tentando capturar a exata correspondência entre o que mudamos em nós mesmos e o que muda no universo num movimento que dance nesta mesma sintonia.














Porque quando estamos felizes parece que tudo caminha na direção de que assim se estenda o futuro adiante. E porque quando estamos felizes experimentamos emoções intensas, que nos transformam a cada instante, nos nossos particulares mecanismos de sentir o universo ao nosso redor. E fico sorrindo, vendo se estender a mesma alegria do agora no horizonte dos meus sonhos. E assim se faz,o que percebemos do mundo é tudo que dele recebemos.

Sinergias do Tempo



Agradecendo; engrandecendo

Fico a observar cada detalhe de teu rosto. E você dorme e nem sabe que estou ali, te amando. Talvez saiba, seus lábios carnudos quase sorriem, como se estivesses também sonhando na mesma intensidade que vibram minhas retinas a namorar tua luz. As montanhas por teu corpo são minha maior fonte de mistério. Curvas, retas, pêlos, cicatrizes, poros, a íntegra geologia do teu ser, essa história viva e a tua plácida respiração, como um bebê crescido, criança madura, juventude à flor da pele, no estado existencial que irradia o que há de mais vivo em ti.

Nada mais pode ser tão evidente quanto a perfeicão que crio através dos devaneios que sou capaz de viver com você. Epifanias, tão vivas quanto as dúvidas que se apagam. A vida, de repente, parece que se tornou mais transparente. As cores estão mais nítidas, sinto cada profundidade, cada curva e tom; o movimento de cada coisa que miro, e vibro, vivo, vivas todas as coisas, todas as coisas tão vivas quanto eu, que jamais se repetirão, essa genuína e eterna virgindade de todas as coisas.

O silêncio entre nossos olhos é rico e intenso, parece nele caber todo o preenchimento do meu ser. Me visto em meu próprio corpo, talvez inédito, completamente livre e feliz, nu e satisfeito. Conheço cada respiração do universo, e um chôro, quase que emergindo de solidões a muito amortecidas pela névoa de uma sinistra infância forçosamente esquecida ou reinventada, sobe pelos meus músculos, invadindo meus tecido e células e fluindo junto com o magnetismo do meu sangue por toda a homeostase de minha orgânica existência.

O suor do prazer parece levar consigo o mesmo sal das lágrimas que não ousei chorar em infância. Criança forte que aprendeu cedo a amarrar o rosto como que para se compreender, pura necessidade de encontrar a capacidade própria do auto-controle. Força, que invadindo na tentativa de segurar os tremores, os medos e as dores, me machucava ainda mais. E essa força bruta e acumulada de repente se dissolve numa nova força intensamente mais poderosa: a força do movimento, a força do agora.

O suor pinga por nossos corpos brilhantes. Sais e seres misturados, movimentos confundidos, objetivos sintônicos, felicidade intrínseca.

Sempre falei ou escrevi muito sobre o amor, mas só agora entendo o quão imaturo sou, ou talvez seja, o amor, incondicional e essencialmente habitado por mistérios grandiosos.

Nascem incontáveis seres humanos em incontáveis hospitais, casas e tribos por todo o mundo. Morrem outras tantas incontáveis pessoas, únicas por natureza. E eu morro e nasço para aprender de novo que nada sou se não o movimento que no mundo imprimo, cada movimento que o mundo me faz e eu recrio-o.

Parece imprescindível que se aprenda muitas e muitas vezes a não se saber de nada. Açudes que desaguam-se em rios velozes até o dinamismo máximo de se dissolverem em oceano, ondas, correntezas e marés, e o mundo todo em nossos lábios, o terremoto de nossas línguas, tsunamis internos, salivas que dissolvem nossos hábitos, renovam nossos hálitos nos habitando com este imenso calor e esse requinte luxuoso de uma superioridade de existência, um afago da inocência na sabedoria, unidas pela pureza translúcida da mais envolvente alegria e bondade. Sinto-me grato, infinitamente, infinita...mente, agradecido e imenso.

conjuntos e só de Alegria


















Sempre tive dificuldade pra chorar por tristezas, principalmente das grandes. Nunca fui de cultivar nem de conseguir lágrimas, mesmo nas horas mais conflitantes. Hoje percebo o porquê: não nasci para o choro, minhas lágrimas, que são muitas, são de emoção, de alegria, de entusiasmo, de renovação. Algumas vezes choro por coisas completamente bestas, que deveriam ser meras trivialidades cotidianas, mas que me emocionam abruptamente, como ver a cena de uma idosa pedir ajuda pra subir um ônibus e não conseguir, ou na cena de ver um lixeiro varrer um pombo ainda vivo pra dentro de uma lixeira, ou daquele programa na TV que mostra a indústria pesqueira subtraindo as riquezas do mar, exterminando seres encantados como baleias, golfinhos, tubarões e tantos outro peixes e cetáceos. Outro choro que me abate por vezes é o de uma noticia no jornal, não pelo fato noticiado, mas pela pobreza da noticia, da manipulação de informação, da hipocrisia estampada em letras garrafais. Esse choro é um choro de coragem pra enfrentar o que é difícil mudar, é um choro de vergonha por sentir-me fraco, mas é um choro que refortalece. O único choro que é genuinamente meu, é o choro da Alegria, do encanto, da contemplação, da felicidade física e mental em sintonia, dança entre razão e emoção.


O que se leva da vida é a vida que se leva...









Não me interesso muito por história porque tenho um interesse inabalável no Agora, no Hoje. Mas para conhecer este hoje não seria imprescindível como o ontem tornou-se o agora? Imprescindível? Não! O que foi, o que será e o que é estão em intrínseca e constante transformação.














O passado não é imutável. Não, esta frase não é tão absurda quanto parece se você refletir um pouquinho. Pense o seguinte, o passado só existe através de uma percepção presente que você tem do mesmo. Sendo assim você pode mudar o seu passado a todo instante. Ele é tão mutável quanto o presente, tão volúvel quanto o futuro. Uma vez que agora você é capaz de mudar a sua percepção do passado, ou as convicções sobre fatos no passado, você muda-o inteiramente, dentro de você. Pense bem, o passado não existe se não em sua forma de pensá-lo agora, fora isso ele sequer pode existir. Mudando o COMO você pensa sobre o passado, você altera-o completamente. Tudo que resta do passado hoje só existe sob a forma das emoções que este passado faz em ti manifestar. Se mudas estas emoções, o passado não é mais o mesmo, já que este, na prática, sequer existe. Não existe passado, apenas o reflexo emotivo dos acontecimentos que memorizamos. Vale focar o COMO se pensa este passado, ao invés do QUE propriamente. Os fatos não mudam, mas os acontecimentos... nós os criamos e recriamos a todo instante em que pensamo-los e/ou vivemo-los.


~

Uirá

Felipe

Grano

Gaspar

Bom dia Dois Irmãos


















Mututalidade Natural, Mutualidade Desejada

Palavras apenas, virtuais, e já podíamos antever, como num presságio causado, anterior e justamente, pelo desejo de ser (pleno), a avalanche que nos arrastaria, enfim, juntos.., numa mutualidade de independências apaixonadas. Nadamos em solos concréteis, flutuamos em sensações e emoções inéditas, de tirar do folego a capacidade de verbalizações, tão limitadoras à infinitude de tais experiências. Na vertigem de um crescimento exponencial, sorrimos, espantados, inquietamente satisfeitos diante do mergulho num mistério, tranquilamente eufóricos, que tentamos, de alguma forma na união de nossos códigos sensitivos e comunicacionais mesclados pela mutua admiração, gerar um movimento vital tal que possamos considerar como esboço para se trilhar a tentativa de compreender do Amor as curvas que o horizonte de seu significado ecoa pela nossa mutante concepção de universo. Algo cresce desde que nos encontramos, e desde então tudo no mundo parece celebrar que o que somos é exatamente aquilo que desejamos ser, e assim, vivemos felizes.

Não sei porque... mas precisava dizer isso:

























Estive conversando hoje no carro de volta pra casa com um daqueles amigos de alma e vida... E nos questionávamos quanto ao carater de nossos escritos, no quanto eles jorram de nós na maioria imprevisivelmente, mas que quando sai no papel é como se sempre estivesse planejado ser escrito. Curioso foi constatar que, quase inevitávelmente, falamos de nós mesmos, mesmo usando personagens pra isso, mas sobretudo concluímos sobre a natureza da necessidade que carrega cada escrito. É difícil acontecer escrever por escrever, sem porque. Quando acontece é uma conjuntura não exatamente favorável, digo, favorável sim, mas, é uma coisa toda abrupta que precisa ser fisicalizada, pra que asssim sublime, por exemplo, de uma condição de sentimento indigesto para a condição de bela poesia, ou conto, ou escrito corriqueiro, peça de teatro, o que seja. Uns cantam, dançam, falávamos dos nossos “Eus-que-escrevem”...

Imprescindível viver...























A cidade é tão imensa e expansiva se desgrudando de uma pólis
por via duma estrada para imendar numa nova manifestação urbânica densa, infinitamente, todos estamos conectados, e eu, ali, de passagem naquela avenida fulgurosa e cheia de presa e abandono... Passando, correndo, voando pra fazer aquilo que me é de mais natural: teatralizar. Mais uma viagem só pra levar sorrisos e chaves para sonhos à cetenas de crianças sedentas por luz em sua criativas imaginações. Lá no palco são elas que brilham com seus olhos criadores, suas gargalhadas pertencentes, seus gestos e feições condescendentes. Gostaria de ter mais espaço nesse tempo onde só existem esses sorrisos, essa sede juvenil, e esses pensamentos, esse ator e observador.

















Me recolho no camarim, organizando muito mais as ideias que os figurinos bagunçados. Trago à vida toda minha chama de criar, assim, espontaneamente com a luz da vontade de ver vida acontecendo, historia se desenrolando, emoções pipocando, infância e futuro a dançar num só fluxo de melodias empolgantes. Busco no silêncio afastado e solitário do canto ao fundo do camarim mais distante o lugar e o momento onde eu pudesse de alguma forma compreender toda aquela magia que era imprescindível não reconhecer. Busco racionalizar inúmeras pequenas fórmulas, tentando traduzir toda alquimia orgânica presente na troca entre aqueles seres cheios de energia vibrante e eu. E de repente uma angústia, um deslocamento em meu peito. Levanto, olhando tudo em cada detalhe, como se cada visão me fosse ser inesquecível, mesmo assim, tão nu, no meu momento de isolamento, ali, sem nada de fato acontecer se não dentro do corpo, vibrando, nas emoções novas, nas epifanias tontas de se acreditar e ver-se o sonho concretizar-se só depois de já estar voando, só depois de estar com o vento a jorrar essa indefinição a que teimamos chamar de vida, só então é que percebo: meus pés já nem tocam o chão...












Meu pés tocam a madeira do palco. É hora de colocar o figurino e literalmente entrar em cena. Numa cena que ansiosa me aguarda, mas que já está acontecendo, sem nem palco, iluminação, nem nada. Aguardo igualmente ansioso, ouvindo a vibração vinda do outro lado das cochias. E tudo num piscar de olhos, só acontece depois que me dou conta. É tão perfeito que nem tem duração nem nada. Como um bloco de vida que naquele curto período se instala com a mesma densidade de anos de existência. A estrada, e o caminho até chegar ali. O caminho que todas aquelas crianças percorreram de mãos dadas com suas mães. O caminho de cada vida, de cada uma, de cada historia por se fazendo... o Caminho ali, bem à meus pés que tocam o palco. E eu procurando nos camarins algum entendimento, na tontura embriagante de tremendas alegrias. Não há o que entender, apenas compreendo, vivendo, não-entendendo; que a felicidade é simples e inexplicável quanto é um olhar, um amanhecer, uma vida, uma foto; e o desconhecido a se fingir de infinito nos figurinos da eternidade...

O que te motiva?






























Na cidade não sinto outra vocação senão à dos palcos, a de ser portador de mensagens, ou à das telas cibernéticas, nos anarco-blogs, fotologs e toda esta “liberdade aprisionada” em pixels e ilusões não menos reais que as que inspiram-nas. Procuro uma outra vocação no entanto, dando atenção à cada cantinho da sociedade, me imaginando nas tarefas mais bestas, mas que, quem sabe, poderiam, em algum caso, vir a me fazer alimentado além de intensamente feliz. Pensei em ser pedreiro ou marceneiro, mas isso eu só gostaria se morasse na roça, na Urbem tudo é poeira e barulho, seria um purgatório. Pensei em ser jardineiro, mas há muita fuligem, as plantas são rotineiramente desrespeitadas, e penso que também seria imensamente insatisfatória esta função na Urbem. Outra função era a de veterinário, que cheguei a ingressar em faculdade pública, mas abandonei o curso após o primeiro período. O mesmo ocorreu com biologia, não fazia o menor sentido ganhar dinheiro à custa de inúmeros animais que seriam sacrificados pra que eu concluísse os estudos, uma literal barbárie, sem contar as inúmeras negligências no desrespeito total com as todas as outras criaturas; o preciosismo consumista aliado à febre PET das grandes cidades é extremamente doentio, e não queria de modo algum aquilo em minha vida... Enfim, adiei meu sonho de estudar biologia. Então me veio à mente a idéia de ser escritor. Mas não queria escrever para um jornal, já que eu nunca os leio, sequer tento, não gosto, totalmente inútil para mim. Foi então que pensei em literatura. Os poemas começaram a invadir-me enquanto eu ainda estava na biomédica. Depois de toda ventania de versos espásmicos e inúmeras epifanias catárticas, descobri o teatro infantil amador e pulei fora, fui dar sorriso e idéias boas à crianças carentes. Foi sensacional, uma experiência riquíssima recheada de alegrias indescritíveis. Então a paixão pela arte dramática me tomou conta e me subiu à cabeça. Entrei pra faculdade de artes dramáticas. Para administrar a fúria irracional da minha família contra a liberdade e a arte, fui paradoxalmente cursar jornalismo, mas não durou muito e migrei para cinema onde continuo num ritmo instável. Cinema é uma paixão que me inflou a partir das artes dramáticas, depois unindo-se com meu amor pela fotografia, que vem desde a infância, encontrei um espaço onde arte, liberdade, dinheiro e indústria se encontram. Mas eu mesmo, ainda não me encontrei assim tão intimamente. Tenho boas idéias para filmes mas não consigo ainda inclinar-me em uma área específica do cinema. Sou apaixonado por todo o processo, com exceção de alguns setores da parte de produção. Mas em toda a parte da criação sou intrigado, curioso, apaixonado, intenso, criativo. Tendo a desejar fazer filmes extremamente autorais, mas isso desvincula da indústria completamente, o que faz o dinheiro ir junto, e arte sem público, me diga, o que é?

No mais, tenho nos palcos o sorriso que cabe perfeitamente entre minhas bochechas inexistentes.

Uirá Felipe

Só(,) rio













SONHO com uma sociedade coletivamente inteligente, verdadeiramente integrada, em comunhão com os universos naturais, explorando suas riquezas e utilidades de maneira livre e criativa, sonho com uma organização orgânica e desejo o fim desta desordem burrocrática que pouco a pouco vai contaminando as pessoas numa crença de que tudo é muito difícil, quando na realidade não é, se assim não desejarmos, se fizermos que seja uma outra coisa que não a que já está. Sonho com um alto falante mundial de voz doce, com habilidade para projetar os mais viscerais, singelos e catárticos poemas, todos de amor, de um amor maior que a palavra e que o significado dela, de um amor maior que a compreensão, que seja transmitido pelo doce desta voz global, pelo timbre em harmonia poética com instrumentos divinos que fariam todas as pessoas que assim desejassem, sorrirem. Seria lindo de ver meu sonho no tamanho que o sonho. Mas me alegro imensamente com os inesquecíveis sorrisos que já atraio para mim e SORRIO.